Jornalismo de dados hoje: experiência e prática

SOBRE O WORKSHOP

Com o objetivo de refletir sobre as áreas de atuação do jornalismo de dados, o workshop “Jornalismo de dados hoje: experiência e prática” aconteceu no primeiro dia de Coda Amazônia” e foi ministrado por Adriano Belisario, da Escola de Dados. Adriano iniciou a atividade perguntando para as pessoas presentes quem já trabalhava ou tinha conhecimento da área. Ele explicou que o workshop é introdutório, sendo útil tanto para quem já é jornalista, como para quem trabalha em outras áreas e quer saber como criar histórias a partir de dados.

 “Mais do que ensinar uma ferramenta, o que eu vou ensinar aqui é como aprender a aprender nessa área. Ou seja, dar um panorama geral sobre o que são dados, e para quem quiser aprender mais, as dicas para poder criar o seu próprio caminho”, afirmou. E completou: “Jornalismo de dados não é algo que se esgota em um evento”. Ele explicou que trabalha com isso há alguns anos e está sempre aprendendo, pois o processo é contínuo. 

O workshop foi uma oportunidade de desconstruir algumas ideias enraizadas no senso comum, uma vez que existe uma tendência de acreditar que os dados são uma representação objetiva da realidade. Como advertiu Adriano, não existe nada dado nos dados. E enfatizou que apesar dos dados servirem como argumento de autoridade em diversas matérias, eles são construções humanas e por isso, dizem tanto sobre a realidade como de quem fala, ou seja, quem escolheu o que vai ser quantificado. Por outro lado, se bem construídos podem dizer muito sobre determinados contextos sociais. 

Nesse sentido, Adriano lembrou que da mesma forma que um jornalista precisa checar as informações antes de publicá-las, os dados precisam ser checados como qualquer outra fonte, pois contém vieses e limitações que precisam ser identificados. Mas, afinal, o que são os dados? Em resumo, são construções humanas para abstrair elementos quantificáveis de uma realidade complexa. No entanto, eles nunca serão um reflexo objetivo da realidade, porque sempre fica algo de fora em relação ao que foi delimitado para análise. Em outras palavras, dados também são sujeitos a erros, pois quem constrói os dados são seres humanos. 

 

 

Tudo é um dado 

Como explicitado no workshop, da mesma forma que “nada é dado nos dados”, “tudo pode ser um dado”. No exercício, Adriano mostrou uma foto aos participantes e perguntou o que poderiam tirar de dados a partir daquela imagem. As respostas foram: placa, cor, posição das pessoas, entre outras. “A gente pode olhar qualquer coisa e estruturar a informação como se fosse um dado. A questão é como analisar e como fazer”, explicou.

Outra lição aprendida é que o mais importante para quem trabalha com dados é aprender as ferramentas e não os programas, e assim, tentar construir uma jornada de conhecimento. Por exemplo: quem foram os maiores financiadores de campanha do Pará? Essa pergunta pode ser transformada em uma sequência de operações. Ele mostrou também, quais são as ordenações principais para quem trabalha com dados: ordenar, filtrar, agrupar, cruzar, operações matemáticas, entre outras funções.

Além disso, existem algumas formas de se trabalhar com dados, entre elas: tabelas, redes/grafos, dados como evidência, dados geográficos, geodados, mapas, textos, computação visual e sensores físicos.  No workshop, Belisario mostrou alguns exemplos de reportagens que ele ajudou a construir a partir dos dados. Uma delas foi “A teia dos donos de transporte no Rio“, publicada pela Agência Pública. Ele explicou o método utilizado para entender quem eram os empresários de transporte no Rio de Janeiro e os negócios que exerciam. O trabalho, que levou mais de dois meses para ser concluído, rendeu frutos e serviu como documento para a CPI municipal dos transportes, o que mostra o impacto social que pode trazer a análise de dados. 

 

 

Ao final do workshop, Adriano definiu algumas características do jornalismo de dados e tudo o que ele pode ser: 

  • Não é novo. O jornalismo sempre trabalhou com dados. 
  • Inédito. Pode chegar a fatos novos.
  • Factual. Pode-se jogar luz a fatos ocultos. 
  • Universal. Pode-se falar sobre qualquer coisa com dados. 
  • Transparente. Pode-se resgatar a confiança das pessoas nos veículos de comunicação.
  • Transformador. Pode ser transformador ou causar impacto social. 
  • Colaborativo. Pode ser colaborativo entre jornalistas, redações, universidades, organizações de base, etc. 
  • Participativo. Os leitores podem construir dados junto com o profissional.
  • Gerar produtos. O lado lucrativo do jornalismo de dados.

NÍVEL

Básico

Referências

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Adriano Belisario

Jornalista e coordenador da Escola de Dados.

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