A saúde da população negra: analisando dados do DataSUS

SOBRE O WORKSHOP

Texto por Tatianny Soares
Revisado pela Escola de Dados

 

Esta oficina foi apresentada por Camila Rodrigues, jornalista de dados da Alma Preta, e teve como objetivo apresentar e explorar diferentes bases de dados do DataSUS, com foco em como essas informações podem ser usadas para entender e melhorar a saúde da população negra no Brasil. Foram abordadas quatro das bases de dados mais atualizadas e foi discutido como elas podem ser usadas para analisar e informar políticas públicas.

 

O que é o DataSUS?

O DataSUS é o Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil. Trata-se de um órgão do Ministério da Saúde responsável por coletar, processar e custodiar dados de saúde. Dentro do DataSUS, há uma série de bases de dados importantes, incluindo:

     – Sinasc (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos): Contém dados sobre nascimentos, incluindo informações sobre a mãe (idade, raça/cor, estado civil), a gestação, o tipo de parto e o pré-natal, além de dados sobre o bebê (peso ao nascer, sexo, raça/cor, sinais vitais e anomalias congênitas).

    – SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade): Coleta informações sobre mortalidade, incluindo a causa básica de óbito, codificada conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10).

    – Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação): Coleta dados de doenças e agravos de notificação compulsória, apoiando a vigilância epidemiológica.

    – SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares do SUS): Compila dados de morbidade hospitalar, incluindo informações sobre internações e procedimentos hospitalares.

Importância do preenchimento de raça/cor

A Portaria nº 344 de 2017 estabelece a obrigatoriedade do preenchimento do campo raça/cor nos sistemas de informação de saúde. Esses dados são fundamentais para identificar e enfrentar desigualdades raciais na saúde. Desde 2010, há uma diminuição no percentual de preenchimento ignorado ou em branco, mas ainda há desafios significativos. A não declaração de raça/cor dificulta a criação de políticas públicas eficazes.

Em 2021, mais de 60% dos óbitos por AIDS ocorreram com pessoas pretas e pardas. A ausência de equipamentos públicos, saneamento precário, vacinação inadequada e falta de controle de zoonoses são fatores que afetam desproporcionalmente a população negra.

 

Exercícios práticos

Saúde materna e dos bebês: Análise de dados sobre nascidos vivos, focando em pré-natal e raça/cor.

Doenças e agravos: Escolha de uma doença ou agravo e análise dos dados disponíveis.

Morbidade hospitalar: Estudo dos dados de internações hospitalares.

Mortalidade: Análise das causas de morte e sua relação com a raça/cor.

Passos para coletar dados

    – Escolha uma cidade e entenda a proporção racial local, usando fontes como o Censo 2022 no site Sidra do IBGE.

    – Escolha um tema a analisar, como saúde materna, doenças e agravos, morbidade hospitalar ou mortalidade.

    – Utilize a interface do DataSUS para acessar os dados necessários e realizar análises específicas.

A atividade visou capacitar as(os) participantes a utilizar os dados do DataSUS para entender melhor as desigualdades raciais na saúde e contribuir para a criação de políticas públicas que promovam a equidade. 

LOCAL

Laboratório 102

NÍVEL

Básico.

REFERÊNCIAS

camila800

Camila Rodrigues

Jornalista com mestrado em economia e doutoranda em demografia. Editora e repórter, com quase 20 anos de experiência em redações da grande imprensa e de veículos independentes de comunicação. Atua na cobertura de direitos humanos desde 2012. Recebeu o Prêmio Vladimir Herzog na categoria Internet em 2012, também pelo Instituto Vladimir Herzog recebeu uma menção na categoria Revista em 2013 e o Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do Trabalho em 2014. Atualmente, trabalha como jornalista de dados na Alma Preta.

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