Apresentações relâmpago
SOBRE O WORKSHOP
Texto por Ludemilla Diniz
Revisado pela Escola de Dados
O jornalista socioambiental Daniel Ferreira introduziu a atividade apresentando o Projeto Floresta+ Amazônia no contexto do uso de dados para a educação socioambiental. O projeto é uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e dol Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio do Fundo Verde para o Clima (GCF).
O intuito do projeto é incentivar a conservação e o uso sustentável da floresta amazônica através de pagamentos por serviços ambientais e do apoio a projetos locais, em parceria com os territórios e organizações da sociedade civil. A ação é dividida em 5 modalidades: Conservação, Recuperação, Comunidades e Inovação, além do fortalecimento da ENREDD+. A proposta é que, até 2026, cerca de 96 milhões de dólares sejam investidos diretamente nas comunidades locais, cobrindo 8 estados da Amazônia Legal e tendo como público-alvo pessoas produtoras rurais, ribeirinhas, extrativistas, quilombolas e povos indígenas, com ênfase na participação de mulheres e da juventude local.
O objetivo também é utilizar os dados coletados como ferramenta no enfrentamento aos desafios ambientais na Amazônia para engajar/mobilizar o público em ações para a manutenção e a conservação da floresta, sendo estas informações fundamentais para entender a dinâmica socioambiental da região, se utilizando de estratégias como a de informar, mobilizar, divulgar e incidir.
A segunda apresentação foi conduzida por Eryck Batalha, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Pará, que introduziu a organização explicando que ela é uma iniciativa focada na coleta de dados relacionados à violência armada. O Fogo Cruzado se baseia em uma rede de geração cidadã de dados para apoiar lutas e reivindicações populares, identificando padrões cotidianos de violência, e tem como objetivo fortalecer pautas e formular políticas públicas com participação popular.
Para isso, ele utiliza uma metodologia que combina tecnologia e participação social para gerar dados abertos e colaborativos. Esses dados são usados para criar quadros informativos, incluindo estatísticas gerais de violência armada, cor das vítimas identificadas, motivações e até recortes de diferentes tipos de situações.
Em seguida, o geógrafo Pedro Mota apresentou a iniciativa Fala, Juventudes do Pará!, que faz parte das ações do programa A Maré tá pras Juventudes. Estes são produtos desenvolvidos pela organização da qual ele é diretor de Gestão de Conhecimento: a ONG Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM).
Em parceria com 34 instituições de juventudes que atuam no estado do Pará, a iniciativa busca a construção de territórios mais resilientes e sustentáveis. Ela é uma pesquisa que tem como objetivo compreender quais as políticas, as principais barreiras e as oportunidades que o sistema político paraense tem ou não desenvolvido para incluir as juventudes em seus planos de governo, estratégias e demais propostas frente ao cenário de vulnerabilidade social pós-Covid-19 e de acentuação das crises climáticas. O projeto fez um levantamento de informações, como perfis juvenis, engajamento da juventude por estado, evasão e/ou retorno dos grupos para a sua localidade de origem e racialidade
O palestrante também apontou os desafios da participação cidadã de pessoas na faixa etária de 16 a 35 anos, como a falta de conhecimento das ações, de contatos, de investimento, de tempo e de vergonha de falar em público. A falta de financiamento dos planos orçamentários para juventudes produz o descontentamento e a ausência política, além de provocar cenários de vulnerabilidade para 69.37% de jovens no Estado do Pará.
Por fim, Stefano Wrobleski, diretor executivo da InfoAmazonia, apresentou a sua organização, que é voltada para o geojornalismo na Amazônia. Esse veículo independente utiliza dados, mapas e reportagens geolocalizadas para informar sobre questões sociais e ambientais da Amazônia nos nove países que compõem a região, apontando a importância global destes territórios. Sediada no Brasil, a InfoAmazonia é uma organização sem fins lucrativos com uma visão global, trabalhando em rede com jornalistas e veículos locais e internacionais para desenvolver produtos colaborativos e inovadores.
O palestrante abordou a situação do garimpo ilegal investigado pela organização, pontuando uma linha do tempo de acontecimentos com grupos criminosos conhecidos (como o Primeiro Comando da Capital, Comando Vermelho, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e Arco Minero del Orinoco) que influenciaram todo um desdobramento de fugas, explorações, extorções, expansões, perseguições, rixas e subornos. A InfoAmazonia possibilita até mesmo visualizar questões como a aproveitamento destas facções para coerção de grupos migratórios que seriam obrigados a participar das atividades ilícitas. Stefano também citou o documentário “O negócio Obscuro do Ouro no Brasil”, produzido pela organização com o intuito de difundir suas pesquisas.
LOCAL
Laboratório 106
NÍVEL
Básico.
REFERÊNCIAS
- Uso de dados na comunicação sociambiental
- Projeto Floresta+ Amazônia
- PNUD
- GCF
- MMA
- Implementação da ENREDD+ no Brasil
- A floresta no alvo
- Instituto Fogo Cruzado
- Fala juventudes do Pará – ausencia de dados gera vulnerabilidade de juventudes
- A maré tá pras Juventudes
- COJOVEM
- Amazon Underworld
- InfoAmazônia
- O negócio Obscuro do Ouro no Brasil (Documentário)
Daniel Ferreira
Eryck Batalha
Coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Pará, licenciado em Geografia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) e mestre em planejamento do desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA). Atualmente estuda a dinâmica e o impacto da violência armada na Região Metropolitana de Belém e as possibilidades para pensar novas políticas públicas de segurança a partir da Geração Cidadã de Dados aliada à tecnologia.
Karla Braga
Engenheira sanitarista e ambiental, Cofundadora e diretora de Projetos de Instituto COJOVEM, é jovem embaixadora da ONU pelo escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, foi bolsista e facilitadora do Programa Youth Brasil do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), é Alumni da Embaixada dos EUA (2023), é bolsista da instituição Pour Le Brasil e da Escola de assuntos internacionais de Paris; E acompanha conferências internacionais no ramo do meio ambiente desde 2017 conectando as pautas locais das juventudes amazônidas ao contexto global.
Ludemilla Diniz
Formada em Ciência de Dados com ênfase em Estatística visando uma base sólida em análise e modelagem de bancos de dados para otimizar e solucionar problemáticas. Atualmente, cursando Engenharia Mecânica e atuando como assistente de logística na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, onde trabalho na organização geral e gestão de recursos. Também participo do Observatório Indígena KUBEN, um projeto de pesquisa da universidade voltado para a análise cibernética e semiótica de uma comunidade indígena Kayapó gerando insights estatísticos.
Pedro Mota
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (atual). Mestre em Geografia pela Universidade do Estado do Pará (2024). Graduado em Licenciatura Plena em Geografia (UEPA – 2022). Especialista em Ensino de Geografia pelo Instituto Federal do Pará (2023). Pós-graduando em Políticas Públicas em Gênero e Sexualidade na Amazônia pela Universidade Federal do Pará (atual). Diretor de Gestão de Conhecimento na ONG COJOVEM. Ativista Social. Produtor de Conteúdo Digital (Instagram: @botodebelem).
Stefano Wrobleski
Diretor Executivo da InfoAmazonia. Anteriormente, trabalhou na Internews como coordenador de geojornalismo da Earth Journalism Network e fez parte de projetos para a Amazônia na equipe de Américas. Também já cobriu temas sociais e trabalhistas na Repórter Brasil, foi trainee do Estadão e bolsista do International Center for Journalists no programa de empreendedorismo no jornalismo digital. Em 2015, fez o Master em Jornalismo Digital do ISE Business School.
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