Na IV Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais, Coda.Br 2019, Meghan Hoyer (Associated Press) e Aron Pilhofer (Document Cloud)  fizeram parte do painel de abertura do segundo dia. Mediado por Marco Túlio Pires (Google News Initiative), as falas abordaram a experiência dos participantes no desenvolvimento de produtos a partir de projetos de dados.

Assista aqui à playlist completa com os vídeos deste painel, que está disponível no canal da Escola de Dados no Youtube.

A sessão ocorreu no dia 24 de novembro de 2019,  no auditório da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Confira os principais assuntos abordados e os vídeos com as apresentações na íntegra. 

Projetos internos que viram grandes produtos

Meghan Hoyer, editora de dados da Associated Press (AP), falou a respeito da transformação de trabalhos dentro de sua equipe em produtos que poderiam ser usados em outras redações. A ideia da editora de dados é fazer esses projetos virarem algo além de notícias simples.

Dentre os projetos que viraram produtos, Hoyer mencionou 3 exemplos. O primeiro é a disponibilização dos dados utilizados nas reportagens em um repositório, incluindo microdados e informações geograficamente granulares para redações locais. Além disso, a AP realiza treinamentos para utilização dos dados ali disponibilizados. Segundo ela, a iniciativa é um facilitador para o jornalismo encontrar histórias de interesse local em meio às bases de dados nacionais.

O segundo exemplo é o Datakit, um projeto de código aberto que ajuda a estruturar o trabalho com dados no jornalismo, facilitando assim a colaboração de grandes equipes.  Já o terceiro, fugindo da proposta dos dois primeiros, é chamado Sunshine Hub, um serviço de rastreamento legislativo estadual sobre informações de interesse público.

O Teatro da Inovação na gestão de produtos

Já Aron Pilhofer, cofundador da Document Cloud, fez uma fala descontraída a respeito da inovação nas diversas áreas que tangem o jornalismo de dados. Mais especificamente, a inovação mal planejada, a que ele chama de teatro da inovação. Ele exemplifica esse processo performático, como quando alguma redação começa a fazer algo diferente e desencadeia um ciclo em que outras começam a fazer o mesmo. Então, depois de um tempo, esse negócio entra em declínio, até ser encerrado.

Aron ainda difere a inovação de invenção, este último sendo unicamente a criação de algo novo, enquanto a inovação é um processo posterior à criação, que pode causar uma bifurcação, um aprimoramento ou alimentar uma ideia, se trata de algo incremental. Entretanto, ressalta ele, é necessário pensar antes de praticar, e, principalmente, ter um controle e planejamento sobre o que for surgir pensando no produto final.

“Inovação é mensurável, e é aqui que a grande maioria das organizações de notícias caem espetacularmente. Se você não está medindo a inovação, ela não existe. Fora de uma estratégia, inovação é perda de tempo, na minha opinião” (Aron Pilhofer)

A sessão foi encerrada com uma longa rodada de questões respondidas pelos convidados. Confira no vídeo abaixo.

* Texto por Murillo Miranda, baseado na cobertura feita por Huri Henrique Paz e Luis Nascimento