Comunicando as mudanças climáticas com dados
SOBRE O painel
Jornalismo, ciência e meio ambiente foram os temas abordados no segundo painel do Coda Amazônia sob o título “Comunicando as mudanças climáticas com dados”. O objetivo foi discutir sobre os desafios enfrentados com as mudanças climáticas no Brasil, especificamente na Amazônia, e qual o papel do jornalismo na comunicação dessas mudanças. O debate teve mediação de Jéssica Botelho, do Atlas da Notícia; e participação de Juliana Mori, diretora editorial do InfoAmazonia; Marcos Wesley, representante da organização Tapajós de Fato; e Sonaira Silva, professora da Universidade Federal do Acre (UFAC).
Marcos Wesley, do Tapajós de Fato, começou sua fala contextualizando que o surgimento da organização aconteceu em 2020, durante a pandemia de Covid-19. A iniciativa de divulgar informações de forma independente veio da percepção da falta de conhecimentos sobre os impactos das mudanças climáticas na matéria-prima dos produtores locais. Eles estavam sentindo os impactos em seus produtos, mas não sabiam o motivo.
Mas como comunicar de forma independente em um lugar que não possui acesso à internet? A alternativa encontrada pelo coletivo foi buscar os sindicatos dos trabalhadores rurais, as associações de trabalhadores rurais, a Federação Quilombola, o conselho indigenista da região e propor que eles divulgassem uma série de podcasts e textos, salvos em pendrives, durante as reuniões com os trabalhadores rurais. Essa foi a forma encontrada de fazer a informação chegar nessas comunidades.
Juliana Mori, diretora editorial do InfoAmazonia, expõe que os desafios de comunicar a emergência das mudanças climáticas por meio de dados está atrelada ao aspecto multifatorial da questão. Isso contribui para que as causas e consequências dessas mudanças se retroalimentem em tempo real. Ela também destaca que os dados de emissão dos gases de efeito estufa são os principais indicadores do aquecimento global e que as mudanças no uso do solo são as principais responsáveis por essas emissões.
Uma matéria do InfoAmazonia, veículo que utiliza dados, mapas e reportagens geolocalizadas para contar história sobre os impactos socioambientais em nove países da Amazônia, divulgou que cerca de 40% do desmatamento ocorre na Amazônia, por isso a importância de usar dados geográficos no jornalismo como forma de exemplificar essas mudanças climáticas.
Mori apresenta a ferramenta Diário do Clima, uma plataforma criada pela Open Knowledge Brasil em parceria com diversos veículos ambientais. Ela pretende auxiliar jornalistas e comunicadores no rastreamento de atos relacionados ao clima, que são diariamente publicados nos Diários Oficiais pelos municípios e que podem ajudar no processo de coberturas. A ferramenta será lançada no segundo semestre de 2022.
Sonaira Silva, professora da UFAC, discorreu sobre a relação entre mudanças climáticas, jornalismo e ciência. Ela declara que o jornalismo e a academia precisam perder o medo e se posicionar frente o que pesquisam e o que acreditam com relação aos assuntos que envolvem as questões climáticas.
A professora ressaltou que já estamos vivendo na era da Emergência Climática e que as ações dos seres humanos impactam diretamente nas mudanças que ocorrem no clima. O principal desafio de comunicar as mudanças climáticas é conscientizar o próprio ser humano do quanto ele é afetado nesse processo, não são só os animais e as florestas que são atingidos pelos desastres ambientais.
A pesquisadora também pontuou que não existe verba do governo para investir em ações preventivas, mas quando se faz necessário aplacar os estados de calamidade pública, gerada em decorrência de problemas climáticos, surgem milhões para resolver a crise. A junção do jornalismo com todos os recursos disponíveis para melhor apresentar esses dados ambientais pode contribuir com essa comunicação desses fenômenos e para sua prevenção.
Depois da exposição dos participantes do painel, Jéssica Botelho abriu um espaço de interação entre os participantes do evento e os convidados para que eles pudessem tirar dúvidas e fazer perguntas sobre a temática apresentada.
DURAÇÃO
1h30
Jéssica Botelho
Pesquisadora no Atlas da Notícia/região Norte. Doutoranda no PPGCOM UFRJ. Jornalista na agência Fiquem Sabendo.
Juliana Mori
Jornalista especializada em produções audiovisuais e visualização de dados geoespaciais. Cofundadora e diretora editorial do InfoAmazonia. Graduada em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, mestre em Artes Digitais pela Universitat Pompeu Fabra (UPF), Barcelona.
Marcos Wesley
Fundador do Tapajós de Fato, veículo de comunicação alternativo e independente com atuação na região Oeste do Estado do Pará. É comunicador popular, pós-graduando em Gênero e Sexualidade; militante do Movimento Tapajós Vivo; atuou como assessor de Comunicação de organizações do terceiro setor na região do Baixo Amazonas.
Sonaira Silva
Engenheira Agrônoma e Mestre em Produção Vegetal pela Universidade Federal do Acre e Doutora em Ciências Florestais Tropicais pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Professora da Universidade Federal do Acre e Pesquisadora entusiasta da aplicação de sensoriamento remoto e geoprocessamento para entender os padrões da cobertura do solo no Estado do Acre. Tem como principal linha de pesquisa é o fogo na Amazônia sul Ocidental.
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