18 e 19/11 – ESPM SÃO PAULO (CAMPUS ÁLVARO ALVIM)
R. DR. ÁLVARO ALVIM, 123 – VILA MARIANA
INTELIGÊNCIA DE FONTES ABERTAS – OSINT
Texto por Bianca Muniz
Este workshop foi facilitado por Roberto Tanabe, oficial de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). O instrutor começou destacando que a OSINT, sigla para Open Source Intelligence (Inteligência de Fontes Abertas, em uma tradução livre), é muito associada ao uso de ferramentas e técnicas de investigação. Ele reforçou mostrando uma clássica imagem do OSINT Framework: um diagrama que mostra sites, aplicativos e serviços web para o usuário que quer se aventurar nas investigações em fontes abertas. Mas, a proposta apresentada por Roberto foi, ao invés de focar nas ferramentas, priorizar o método.
Para exemplificar, ele citou o exemplo de algumas que já foram promissoras, como o buscador Cadê, a rede social Orkut, a habilidade em datilografia e a API do Twitter, antes muito requisitados, mas que hoje não apresentam grande utilidade devido às mudanças tecnológicas, desativação de sites e surgimento de ferramentas mais robustas.
O instrutor enfatizou que a proposta de trabalho em OSINT, tema de sua dissertação de mestrado, deveria estar mais ancorada em características mais duradouras e perenes, ao invés de técnicas e ferramentas que podem facilmente se tornar ultrapassadas com os avanços tecnológicos. Ele listou em sua proposta os aspectos da OSINT em ordem do mais para o menos duradouro: valores > princípios > disciplinas > métodos > ferramentas. Isso significa que focar mais em valores e princípios é uma garantia de consistência e continuidade daquele conhecimento, enquanto a ferramenta pode ser uma “moda”, de resultados imediatos, porém menos duradouros.
Destrinchando seu trabalho, Roberto explicou que os valores em OSINT são norteadores de um comportamento. Um valor essencial para uma pessoa que trabalha com OSINT é o profissionalismo. Ele usa como exemplo a pesquisa no Google: todos fazem pesquisas simples por lá, mas pesquisar como um profissional requer conhecimentos que facilitam e tornam a investigação mais assertiva, como o uso de operadores de busca avançada.
Já os princípios são mais pragmáticos, padrões consistentes e mensuráveis para profissionalizar uma disciplina que, por sua vez, são diferentes tipos de coleta em OSINT, a depender do tipo de informação (SOCMINT, HUMINT, IMINT, SIGINT, MASINT, CROSINT).
Ele destacou ainda a prevenção do burnout como um princípio para um profissional de OSINT. O palestrante recomendou aos participantes que fiquem atentos aos sinais físicos e comportamentais, bem como o uso de ferramentas para minimizar a chance de gatilhos ao visualizar conteúdos fortes, como extensões de navegador que desfocam imagens ou ouvir vídeos pesados sem som.
Em seguida, Roberto comentou sobre o método em OSINT. Geralmente, as organizações de inteligência possuem ciclos de inteligência, que seria seu modus operandi para uma investigação em fontes abertas e que compreende as etapas de política, planejamento, reunião, processamento e difusão. Um bem consolidado citado pelo palestrante é o protocolo Berkeley.
O instrutor finalizou mostrando brevemente listas de técnicas, de coleta e análise de informações, e ferramentas para o trabalho em fontes abertas.
Referências
Inteligência de Fontes Abertas
Sem pré-requisitos.
ROBERTO TANABE
Recebeu o título de mestre em Segurança Cibernética pela Universidade de Brasília (UnB) na linha de pesquisa em inteligência de dados abertos. É Oficial de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) em Manaus e trabalha como professor na Escola de Inteligência (ESINT) nos cursos de Open-Source Intelligence (OSINT).
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