O jornalismo de dados no Brasil agora tem um ponto de encontro: #CodaBR!
A chuva da manhã de 21 de maio não foi suficiente pra afastar os quase cem jornalistas, pesquisadores e estudantes que estiveram na primeira Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados, a #CodaBR. Organizado pela Escola de Dados com o apoio do Centro de Estudos da Web do NIC.br (Ceweb), o evento foi um ponto de encontro de profissionais de diversos países do mundo interessados em debater as perspectivas abertas pela produção massiva de dados digitais e aprender algumas das técnicas do trabalho guiado por dados.
No painel de abertura, Marina Atoji, gerente-executiva da Abraji, Yasodara Córdova, do W3C Brasil e Juan Manuel Casanova, diretor do Social TIC do México, falaram dos desafios de acesso aos dados digitais, mesmo após as leis de acesso à informação se consolidarem na América Latina. Fabiano Angélico, moderador da mesa, indicou que recursos já disponíveis como o Portal de Dados Abertos, Portal da Transparência e Siga Brasil poderiam ser mais aproveitados por jornalistas. E Casanueva ressaltou que é importante refletir sobre o que é necessário para uma formação completa em jornalismo de dados na região.
Além dos debates, o evento promoveu workshops com especialistas em técnicas como raspagem de dados na web, análise de redes, visualização de dados, e programação em R e em Python, duas poderosas linguagens para o trabalho guiado por dados.
A conversa da segunda mesa trouxe reflexões sobre privacidade e dados digitais, discutindo casos reais de vazamentos digitais. Joana Varon (Coding Rights), Fernanda Becker (Intergentes) e Vadym Hudyma (School of Data) lembraram que privacidade e transparência não são conceitos necessariamente opostos e destacaram também a complexa relação entre dados abertos e direitos digitais. Moderando a mesa, Dirk Slater (Fab Riders) fez uma provocação: se vivemos numa sociedade capitalista, na qual o consumidor tem o direito de pedir o que quiser de empresas, por que não exigir de gigantes tecnológicas que nossos e-mails sejam criptografados por padrão?
E pra fechar o evento, as lightning talks mostraram alguns dos melhores cases do jornalismo de dados latino-americano, com a presença de Daniel Bramatti, do Estadão Dados, Antonio Cucho, do site independente peruano Ojo Público, Luísa Brito, da TV Globo, Daniel Villatoro, jornalista da Plaza Publica da Guatemala, e Daniela Flor, jornalista do Huffington Post Brasil.
Esse foi o pontapé na criação de um espaço anual de encontro, para que jornalistas e cientistas sociais engajados no uso de dados possam trocar experiências e se atualizar nas principais técnicas da área. No próximo ano, a expectativa da Escola de Dados com o #CodaBr é poder oferecer ainda mais treinamentos, aproximar este tipo de conhecimento de atores-chave na difusão da informação, e estimular a visão crítica sobre o uso de dados, que não são neutros e estão em disputa no mundo todo.
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