Uma boa política de dados abertos pode estimular a economia. Foi essa uma das mensagens deixadas por Irina Bolychevsky, da Open Knowledge Foundation, na palestra principal do primeiro dia do II Encontro Nacional de Dados Abertos. O evento termina nesta sexta-feira e ocorre na Esaf, em Brasília. Houve também formulação de propostas para a política nacional de dados abertos, oficina de visualização de dados e uma premiação.
De acordo com Irina, a abertura de dados governamentais não deve ser motivada apenas pela transparência. Ao citar casos ao redor do mundo, falou da Finlândia, onde o governo deixou de cobrar por dados de geolocalização. Após a medida, o setor de empresas que investiam nesse tipo de informação cresceu 15% em dois anos, entre 2010 e 2012. “Mais empresas surgiram, movimentando a economia a gerando riqueza maior que a venda dessas informações”, disse.
Na parte da tarde, vários grupos se reuniram para formular e propor mudanças na política nacional de dados abertos. Professores, empresários, funcionários públicos e autônomos se dividiram em equipes para tratar sobre questões como a qualidade dos dados divulgados pelo governo; formas de aproveitar com qualidade esses dados, tanto do lado governamental, quanto do lado civil e ferramentas legais que permitirão a contratação de serviços externos ao governo que surjam a partir da abertura de dados. Os temas foram sugeridos pelos próprios participantes. Ao fim do dia um documento foi encaminhado ao Ministério do Planejamento, que analisará as propostas e tentará incorporá-las na política nacional de dados abertos.
Participantes do II Encontro Nacional de Dados Abertos também puderam assistir a um workshop sobre visualização de dados. Vitor Baptista, desenvolvedor da Open Knowledge Foundation, explicou como algumas visualizações podem “mentir”, deformando os dados e contando uma história enviesada. Raquel Cardoso, professora da UFMG, mostrou uma iniviativa científica para tentar fazer sentido das nomenclaturas e técnicas de visualização de informação que existem. A designer Yasodara Córdova, da W3C Brasil, ponderou quais erros devem ser evitados em visualizações.
Ao fim do dia, jovens desenvolvedores foram premiados no II Concurso Nacional para Dados Abertos, organizado pelo Ministério da Justiça e pelo W3C Brasil. A ideia da competição era abrir os dados rodoviários da Polícia Rodoviária Federal para que qualquer um pudesse desenvolver alguma aplicação útil com as informações. O projeto vencedor, chamado DPRFinfo, exibiu um repositório completo com muitas informações sobre as rodovias federais, com grande riqueza de detalhes.
Confira as fotos do primeiro dia, incluindo a dos vencedores da premiação, no Facebook.