ESPIÃO ESTATÍSTICO DO GE: COMO UTILIZAR DADOS NA COBERTURA ESPORTIVA

Jornalista profissional desde 1993, Valmir Storti é um dos responsáveis pelo Espião Estatístico, projeto do Globo Esporte que traz uma série de análises estatísticas sobre futebol para o jornalismo esportivo.

Com o mote “Viver não é preciso, mas os dados precisam ser”, Valmir mostrou um pouco dos bastidores do seu trabalho e como a cultura de análise de dados permite não só ver o futebol de forma muito mais aprofundada, como também está revolucionando a economia por trás do esporte, alavancando clubes e mercado de apostas.

Mais do que um workshop, o encontro acabou sendo uma conversa com os participantes sobre as possibilidades de uso de estatística no jornalismo esportivo.

Valmir revelou que, embora a Globo compre estatísticas gerais de alguns fornecedores, a equipe do Espião Estatístico faz sua própria captura de microdados manualmente. Ao assistir um jogo, eles capturam, em poucas horas, dezenas de informações diferentes sobre os desempenhos dos times.

A partir destes microdados, já organizados e tratados segundo critérios internos, a equipe é capaz de fazer uma série de inferências que mostram quais os times favoritos em cada partida ou até mesmo dar insumos para que jogadores do Cartola F.C (também da Globo) possam escolher suas melhores apostas.

O palestrante citou de exemplo a reportagem em que revela a influência dos gols feitos com um toque na bola. A análise feita pela equipe mostrou que Tite, técnico da seleção brasileira de futebol masculino, passou a apostar mais em jogadores que são capazes de finalizar com apenas um toque — o que ajudou a entender a escolha de jogadores como Pedro, na convocação final para a Copa do Mundo do Catar.

Outro exemplo que Valmir apresentou, em uma simples tabela de Excel, foi como o futebol passou a ter mais impedimentos e mais pênaltis (com um saldo final maior de gols) por conta do VAR. O instrutor compartilhou também a tese de que há uma correlação entre partidas com menos erros de bandeirinhas e menor violência.

Entre um exemplo e outro, o palestrante revelou que, embora muitas redações ainda precisem capturar diversos dados de forma manual, o uso de estatísticas avançadas no futebol está ajudando o esporte a evoluir. Mais do que isso, é sempre preciso saber fazer as perguntas corretas.

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