Como criar uma comunidade de dados local
SOBRE O WORKSHOP
Texto por Lígia Bernar
Revisado pela Escola de Dados
Paulo, mais conhecido como Polinho Mota, é coordenador de dados do data_labe, um laboratório de geração, análise e divulgação de dados localizado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Polinho iniciou o workshop “Como criar uma comunidade de dados local” afirmando que tem formação em Educação Física, foi bailarino profissional e caiu de paraquedas no campo da tecnologia, linguagem de programação e dados. Foi aprendendo sobre a investigação de dados ao longo da sua trajetória de vida e acadêmica, quando fez Mestrado e até hoje, enquanto está no Doutorado em Saúde Coletiva na UFRJ.
O pesquisador fez sua breve apresentação dessa maneira para desmistificar a área de dados, vista como algo que dá muito dinheiro, que é muito difícil, para poucos – somente quem estuda muito consegue prosperar na área. Com uma metodologia alto astral, sem usar termos técnicos em inglês, Polinho diz que ao contrário do que a revista Forbes comparou os dados como “o novo petróleo”, para ele o campo dos dados não pode ser reforçado com o estigma que só dá lucro e é predatório, passa por cima dos territórios e das pessoas só para gerar mais riqueza.
Polinho prefere a via da valorização dos dados a partir da realidade de queme está no território. “Se de um lado a revista Forbes está com o extrativismo, nós estaremos do outro lado, com a resistência”, disse o ministrante do workshop.
Para que um dado seja valorizado, Polinho acredita no que ele chama de “Tripé de valorização dos dados”, que inicia com:
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- Formação – entrar em um grupo de geração de dados e aprender;
- Ativismo – fiscalizar como esse dado está sendo construído;
- Diversidade – as equipes que trabalham com dados necessitam ser diversas, com conhecimentos distintos, das mais diversas áreas do conhecimento, desde jornalistas a artistas.
Ainda que juntar pessoas muito distintas dê muito trabalho, o resultado pode ser excelente. É importante também ter em mente que não dá pra falar com todo mundo. O seu público deve pautar muito com que e com quem você vai trabalhar, avalia Polinho. Nesta fala, ele trouxe a importância da incidência do data_labe no território da Maré e a proximidade com as pessoas da comunidade, tratando assuntos aparentemente complexos com uma linguagem do dia a dia e criando projetos que atendam o anseio dos mesmos, a exemplo do cocôzap, projeto voltado ao saneamento público.
No ambito de incentivar a contrução de grupos locais, o instrutor compartilhou diversas ferramentas gratuitas, com software livre – programa de código aberto para os participantes, tais como:
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- R – linguagem de programação;
- WordPress – plataforma para desenvolvimento de websites;
- Open Ink – plataforma de compartilhamento de conteúdo aberto;
- Python – linguagem de programação;
- PostgreSQL – banco de dados;
- Vedetas – servidora feminista que funciona de forma semelhante ao Google Drive, porém não está atrelada a nenhuma grande empresa de tecnologia.
A ideia do workshop era apontar a importância de existirem grupos que pudessem gerar e trabalhar os dados dos seus territórios, mas ações como essa nem sempre é fácil sem financiamento. Polinho, então, apresentou algumas instituições (listadas abaixo por categoria) que podem ser essa ponte financeira ou até mesmo de apoio para ir adiante.
Para o suporte – ferramentas de trabalho:
Para segurança:
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- Rede Transfeminista – uma rede de pessoas que se entendem com o genero feminino e são ativistas no âmbito da segurança digital;
- Maria (lab) – um projeto da Programaria – voltado para o aprendizado de e inserção de pessoas que se identificam com gênero feminino na tecnologia;
- Data Privacy Brasil – instituição referência no Brasil sobre proteção de dados, que oferece cursos sobre o assunto.
Para financiamento:
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- prosas.com.br – compartilha editais de financiamento;
- filantropia.org – é um Observatório do Terceiro Setor e possui formações para saber como acessar editais de financiamento;
- Fundação Mozilla – possui editais de tecnologia também voltado para formações.
Organizações que estão abertas para fazer parcerias:
REFERÊNCIAS
Paulo Mota (Polinho)
Nascido e criado em Manaus, atualmente mora no Rio de Janeiro, onde atua como coordenador de dados e DPO do data_labe (laborátório de dados localizado na Favela da Maré e integrante da Coalizão de Direitos na Rede). Foi campeão do prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados em 2021 e finalista em 2022. Possui mestrado e atualmente está no doutorado em epidemiologia e ciência de dados populacionais na UFRJ. Polinho acredita e trabalha para a democratização das tecnologias, feitas por todas as pessoas de forma livre e soberana.
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