Uso de mapas para defesa do território marajoara
SOBRE O WORKSHOP
Texto por Jenifer Pereira
Revisado pela Escola de Dados
A Ilha do Marajó é um território altamente ameaçado no século 21. O racismo ambiental, a poluição dos rios, as queimadas criminosas, os conflitos de terra, a mineração e o desmatamento ilegal põem em risco a biodiversidade e a população, devido à extinção de animais, à migração de ribeirinhos dentro do próprio território e à perda completa de ilhas. Nota-se, portanto, a importância da proteção e da conservação do território e de suas comunidades, sendo uma das alternativas de ação o acompanhamento de mudanças climáticas por mapeamento com indicadores climáticos.
Neste workshop, Mariane Castro, comunicadora do Observatório do Marajó, apresenta um projeto derivado do Observatório em 2021. O projeto foca na construção e no uso de mapas como recurso de defesa do território, abordando aspectos como cultura, identidade, direitos e, fundamentalmente, a existência do território. Mas, quem faz parte do Marajó? O que é comunidade? Apesar de serem um grupo de pessoas com divergências individuais, os marajoaras compartilham uma mesma identidade como comunidade, tendo como parte a coexistência pacífica com o ambiente.
O projeto foi feito primeiramente de forma local com o público feminino, uma vez que as mulheres ribeirinhas e quilombolas lideram em massa suas comunidades nos municípios do Marajó. A criação dos mapas pode ser realizada para diversos indicadores: queimadas criminosas (em florestas ou de lixo, já que não existe um plano de coleta seletiva na ilha), enchentes ou secas extremas em rios, ventos fortes, ataques ou acidentes de animais, salinidade da água etc. O uso de mapas pode ser feito com todos os moradores da comunidade, incluindo crianças, o que ajuda no processo de reconhecimento do seu território, além de educar para o alerta das mudanças climáticas e a preservação da sua cultura. Outro objetivo do projeto apresentado é a protagonização da população na busca por mitigação de riscos e cobrança de políticas públicas para os municípios.
Durante o workshop, um dos objetivos de Mariane foi responder à pergunta: como produzir mapas de acordo com a sua região?. Como Marajó é um território de várzea, mas também de pequenos relevos, foram criados indicadores gerais para o inverno e para o verão, sendo que novos indicadores são feitos de acordo com a mudança de realidade vivida pelas comunidades ribeirinhas.
Na parte prática do projeto, as(os) estudantes do workshop fizeram, em grupo, o mapeamento de indicadores climáticos dos locais em que moram (dado que eram de diferentes estados e regiões) , tendo como exemplos as estações do verão e do inverno. Os indicadores foram apresentados em slide, e os alunos também criaram novos indicadores de acordo com a realidade que observaram, o que provocou um debate socioambiental sobre comunidades.
Ao final do workshop, Mariane Castro debateu sobre a importância do reconhecimento do território do Marajó enquanto território de essencial importância não apenas para a região norte, mas para o Brasil, sendo necessário que ele seja posto no mapa não apenas pelas pesquisas feitas por pessoas de fora, mas por seus próprios moradores.
LOCAL
Laboratório 102
NÍVEL
Básico.
REFERÊNCIAS
Mariane Castro
Mulher ribeirinha, marajoara, bacharel em Comunicação Social Multimídia e Técnica em Teatro no eixo tecnológico Produção Cultural e Design pela UFPA. É multiartista ribeirinha, mobilizadora e articuladora comunitária, estuda mudanças climáticas, já foi coordenadora local de campanhas e projetos, gestora de projetos e atualmente estar como Gestora de Comunicação do Observatório do Marajó.
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