18 e 19/11 – ESPM SÃO PAULO (CAMPUS ÁLVARO ALVIM)
R. DR. ÁLVARO ALVIM, 123 – VILA MARIANA
MUITO ALÉM DO NEW JOURNALISM: VIDEOGAME, ARTE E ALGORITMOS
Texto por Manuella Caputo
Se, na década de 60, o new journalism inovou ao aplicar recursos da literatura ao jornalismo, que experimentações correspondem a essa revolução nos dias de hoje? Neste workshop, o jornalista André Deak deu dicas valiosas e compartilhou exemplos inspiradores de inovação em formato, linguagem e ferramentas para se contar boas histórias em formato multimídia que despertam a atenção e curiosidade dos leitores.
O palestrante deu início à atividade apresentando duas iniciativas focadas em mapeamento que desenvolveu no âmbito da produtora audiovisual Liquid Media Lab, na qual é sócio-diretor e produtor executivo. A primeira chama-se Arte fora do museu e já mapeou, de forma colaborativa, quase 2 mil obras e segue atualizando o banco de dados com artes nas nas categorias de street art, esculturas, murais e arquitetura. Já o Mapas Afetivos tem como objetivo contar a história da cidade de São Paulo a partir das vivências de seus habitantes e, para cada ponto no mapa, apresenta um vídeo de um morador contando sua história.
Ao longo da oficina, André mostrou diversos projetos que podem despertar a criatividade de jornalistas e comunicadores ao produzir reportagens, campanhas de mobilização, documentários e materiais diversos. Um repositório de ideias compartilhado pelo palestrante foi o _docubase, do MIT, uma base de dados com curadoria de pessoas, projetos e tecnologias transformando o formato de documentário na era digital. Desta plataforma, ele destacou os projetos: ListenTree, river of mud, InfoAmazonia, filosofighters e fort mcmoney.
O jornalista também falou da plataforma The Pudding, que publica histórias contadas a partir de visualização de dados; a Operação Serenata de Amor, que utiliza inteligência artificial para fiscalizar gastos públicos; e o repositório do OfiCINE – Oficina do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM-SP, coordenado pelo próprio André. Para se inspirar, ele orientou os participantes a acompanhar os trabalhos vencedores e indicados a iniciativas como o Prêmio Gabo, o Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog e o Festival de Publicidade de Cannes.
O palestrante citou ainda algumas ferramentas interessantes para a construção de projetos multimídia, como a Whisper, da OpenAI; o musicLM, do Google; e a plataforma de design Canva. Quanto ao financiamento dessas iniciativas, André sugeriu que os jornalistas se atentem para as oportunidades em editais de fomento à arte, educação e cultura.
Além das referências, o jornalista encerrou com dicas a serem implementadas no dia a dia para ativar a criatividade: estudar teatro/teatro documental, estudar o cinema expandido e buscar cursos de formação e novas referências nas áreas de publicidade e cinema.
Referências
The Sound of CDMX (The Pudding)
Sugerimos a leitura do artigo Formatos Híbridos de não-ficção.
ANDRÉ DEAK
É jornalista, produtor multimídia, produtor web, professor. Trabalha desde 1998 com projetos de comunicação integrando jornalismo e internet. Um dos fundadores da Casa da Cultura Digital (2009), coordena as operações digitais do Instituto CPFL e cofundador da iniciativa Arte Fora do Museu. Como repórter, trabalhou como freelancer para diversas revistas. Como repórter internacional, escreveu matérias de todos os países da América do Sul e de quase todos os países do Leste Europeu, além dos EUA e da China. Coeditor do livro Vozes da Democracia (2006). Tem passagem pela Agência Brasil. Ganhou o prêmio de Jornalismo na Internet 2008 (Vladimir Herzog). Foi indicado ao Prêmio de Melhor Blog do Brasil 2012, da Deustchwelle. Ensina jornalismo digital e interfaces interativas em algumas das mais importantes universidades e instituições brasileiras. Mestrado (2011, USP) com o trabalho “Novos Jornalistas Brasileiros: processos emergentes no jornalismo na internet”.
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