Levando o poder da visualização de dados para todos
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SOBRE O KEYNOTE
Não há mais como fugir: os gráficos estão por toda parte. Seja nas notícias, pesquisas acadêmicas, órgãos públicos ou redes sociais, estamos expostos a diferentes formatos de visualização por todos os lados. Com o volume cada vez maior de informações ao alcance das pessoas, criar narrativas visuais acessíveis a partir de análises de dados complexas é um dos principais objetos de debate no jornalismo de dados.
Não há mais como fugir: os gráficos estão por toda parte. Seja nas notícias, pesquisas acadêmicas, órgãos públicos ou redes sociais, estamos expostos a diferentes formatos de visualização por todos os lados. Com o volume cada vez maior de informações ao alcance das pessoas, criar narrativas visuais acessíveis a partir de análises de dados complexas é um dos principais objetos de debate no jornalismo de dados.
A dualidade na dataviz
Bathia começa refletindo sobre como a visualização de dados pode ser dupla – ou até múltipla – dependendo das escolhas feitas pelo jornalista na hora de contar uma história. “Há muitas histórias por aí, mas cabe ao leitor usar técnicas e ferramentas para entender e descobrir qual história é relevante para ele”, destaca a jornalista.
Segundo Bathia, é possível contar exatamente a mesma história e representá-la em formatos completamente distintos: em um dashboard ou um mapa, em um gráfico tradicional ou uma visualização mais artística, de forma estática ou interativa. O importante é entender o seu público, o nível de familiaridade que ele tem com gráficos e quais emoções você quer causar com aquela visualização.
Democratizando a visualização de dados
“Quando eu comecei minha carreira, programar era necessário”, relata a jornalista. De acordo com Bathia, há poucos anos atrás não havia como fugir dos códigos caso você quisesse criar um gráfico interativo. Hoje, no entanto, ferramentas como DataWrapper e Flourish já nasceram com a proposta de democratizar a visualização de dados, oferecendo diferentes opções de gráficos sem exigir conhecimento prévio em programação.
Além das plataformas de dataviz voltadas especificamente para a criação de narrativas, a jornalista também destaca o papel de ferramentas como o Microsoft Power BI e o Tableau para a democratização dos painéis de dados (dashboards). Ainda que análises em painéis não sejam interessantes para todos os públicos, a interface intuitiva desses programas colabora para a produção de projetos interativos e exploratórios.
O uso de códigos também ficou mais fácil com softwares como o Plot, do Observable, onde é possível criar um gráfico atrativo com apenas uma linha de código. Também existem bibliotecas com múltiplas possibilidades de visualização, como Plotly, disponível para Python, e ggplot, para R. Bathia acrescenta a biblioteca JavaScript D3 (Data-Driven Documents) como uma boa opção para quem deseja criar visualizações únicas e personalizadas, mas ressalta que a ferramenta exige habilidades em programação mais avançadas.
Mas não foram só as ferramentas que facilitaram o acesso à visualização de dados. Uma comunidade mais forte começou a surgir, como a Data Visualization Society, no Slack, e grupos como Makeover Monday, Viz for Social Good e Workout Wednesday. Os espaços são uma ótima oportunidade para discutir ideias, testar suas habilidades fazendo desafios, conhecer pessoas da área e inclusive encontrar trabalhos. Além disso, existem cada vez mais materiais e cursos gratuitos, muitos deles feitos pelas próprias plataformas de dataviz.
Gráficos, gráficos everywhere
Se houve um momento em que os gráficos se tornaram parte da rotina das pessoas, foi durante a intensa cobertura da pandemia. Todos os dias, canais de notícias, institutos de pesquisa e redes sociais mostraram gráficos com números de casos, internações, ocupação de leitos de UTI, comparativos entre países, mapas de casos por região e muito mais. Conceitos estatísticos foram incorporados ao vocabulário popular e, de tanto ver gráficos, ficou mais fácil entendê-los. De acordo com Bathia, isso acontece porque “conforme nós consumimos cada vez mais informação, a nossa familiaridade com ela aumenta”.
Embora a popularização dos dados e suas representações seja positiva em diversos aspectos, ainda existem desafios a serem superados pela indústria dataviz. Um dos principais gargalos da área é saber comunicar o contexto da análise de dados e suas eventuais incertezas. Afinal, a falta de dados também é um dado e questões como o descompromisso com transparência também influenciam na história a ser contada pela visualização. Para Bathia, comunicar incertezas não é apenas parte do trabalho do jornalista de dados, mas um dever.
Outro desafio do mercado é lidar com volumes cada vez maiores de dados, que demandam um trabalho hercúleo para criar filtros e diminuir ruídos. Esta questão é muito comum na produção de dashboards, que muitas vezes agregam tantas informações que é difícil entender indicadores fundamentais. Segundo a jornalista, o dilema é frequente quando o trabalho envolve um grande conjunto de dados.
Entre avanços e desafios, Gurman Bathia destaca o que considera a “parte maior e mais importante da visualização de dados”: como usar as nossas ferramentas de visualização para fazermos perguntas melhores? Mais do que encontrar as informações, a história contada através da visualização é, na maior parte das vezes, o único contato do público com os dados. E, como encerra Bathia, “não existe design que salve uma história ruim”.
DURAÇÃO
1:30h
Referências da atividade
Gurman Bhatia
Jornalista de dados premiada baseada em Nova Delhi, Índia. Nos últimos sete anos, ela tem usado dados, recursos visuais e código para criar narrativas baseadas em dados em veículos de notícias locais, nacionais e internacionais.
Desenvolvedora e designer autodidata, tem mestrado em jornalismo pela Columbia University, em Nova York. Seu trabalho ganhou vários prêmios internacionais, incluindo o Online News Association Awards, Malofiej Infographic Summit Awards, The Webby Awards e GEN Data Journalism Awards.
Bárbara Castro
Diretora de criação Ambos&& e Professora Doutora em Artes & Design PUC-Rio, é artista-pesquisadora e designer com ênfase na visualização artística de dados.
Sua atuação profissional incorpora a prática em programação criativa e pesquisa em arte computacional na curadoria e produção de exposições. Seu cotidiano, suas aulas e sua prática artística são conduzidos pela conexão com o corpo e com a natureza em uma reflexão viva sobre o instinto de sobrevivência e as culturas regenerativas.
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