Escola de Dados realiza laboratório de dados com equipe da Alma Preta

Atividade apoiada pelo CIJ trabalha temática interseccional de dados sobre mudanças e justiça climática 

Em uma parceria inédita, a Escola de Dados, programa educacional da Open Knowledge Brasil, realiza um laboratório de dados climáticos com a equipe da Alma Preta, agência de notícias especializada na temática étnica-racial no Brasil. O trabalho conta com o apoio financeiro do The Centre for Investigative Journalism (CIJ) e tem como objetivo desenvolver as capacidades iniciais da organização parceira para o trabalho com dados sobre mudanças e justiça climática.

Nos laboratórios desenvolvidos pela ED, treinamentos mão na massa sobre metodologias e ferramentas para a análise, tratamento e visualização de dados são oferecidos. Além de uma carga horária prevista para a aprendizagem, a atividade também conta com mentoria para que as organizações participantes desenvolvam seus próprios projetos.

A primeira etapa deste trabalho foi realizada nos dias 1 e 2 de novembro, durante a imersão intensiva com a equipe da Alma Preta na sede da agência, na zona leste de São Paulo.

Quatorze jornalistas que atuam na agência como repórteres, editores, produtores audiovisuais e mídias sociais, receberam capacitação sobre os conceitos visões interseccionais na cobertura jornalística sobre mudanças e justiça climática; uso de planilhas para análises de dado; visualização de dados e uso de ferramentas gratuitas; bases de dados para cobertura de mudanças climáticas e geração cidadã de dados. 

Ao final da programação, a equipe também definiu quais produtos quer desenvolver com a ajuda de mentores convidados pela Escola de Dados. Repórteres do Periferia em Movimento e Nós Mulheres da Periferia também participam do laboratório.

Os participantes conheceram bases de dados colaborativas como o Global Atlas of Environmental Justice, um mapa colaborativo sobre conflitos ambientais no mundo a partir de perspectivas territoriais, além das plataformas do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases (SEEG), Terrabrasilis e MapBiomas. 

As oficinas foram conduzidas por Lorena Esteves, jornalista e doutoranda do PPGCOM-UFPA, de Belém (PA); Bianca Muniz, analista de dados da Agência Pública, de São Paulo (SP); Rodrigo Cunha, professor adjunto do Departamento de Comunicação Social (DCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador, de Recife (PE); Carolina Dantas, editora do PlenaMata e do InfoAmazonia, de São Paulo (SP) e Clara Sacco, co-fundadora e coordenadora do data_labe, do Rio de Janeiro (RJ).

“É uma honra para a Escola de Dados desenvolver esse trabalho com uma organização de grande relevância e impacto nas discussões étnicas-raciais no Brasil como a Alma Preta. Nós sabemos que fortalecer as habilidades de compreensão e utilização de dados ajuda as organizações a ampliarem o impacto de seus trabalhos. E entregar essa capacitação em dados aliada a um temas tão urgentes como mudanças e justiça climática é prepará-los para coberturas que cada vez mais estarão presentes no dia a dia”, ressaltou Jamile Santana, coordenadora da Escola de Dados. 

Impacto

Além de prever uma estrutura de acompanhamento para que a equipe desenvolva um produto jornalístico baseado em dados, a realização do laboratório já trouxe impactos positivos para a Alma Preta. Ao discutir sobre as bases de dados temáticas existentes no Brasil e suas limitações para uma análise interseccional que considere questões de gênero, raça, classe social e território, por exemplo, o grupo formulou um banco de pautas com 15 sugestões de reportagens para serem trabalhadas nos próximos meses. 

Além disso, o laboratório marcou também a integração da equipe com a editoria de dados, recém-criada na organização. “Acho que a parceria com a Escola de Dados foi fundamental para a Alma Preta. A formação teve um caráter muito importante e vai reverberar no nosso dia a dia de trabalho. Saber fazer uma boa leitura de planilhas, gráficos e mapas contribui com a atuação de toda equipe, inclusive projetos, audiovisual, redação e equipes de redes sociais. É um potencial transformador de nossas práticas”, disse Pedro Borges, co-fundador e diretor editorial.