Conheça os projetos vencedores da 5ª edição do Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados
Cerimônia de premiação também contou com homenagens aos jornalistas Philip Meyer e Schirlei Alves
Fiquem Sabendo e Datafixers.org, InfoAmazonia, Gênero e Número, e O Estado de S. Paulo são os grandes vencedores da 5ª edição do Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados. Além dos vencedores, houve também menções honrosas para a Repórter Brasil e o Estado de S. Paulo e homenagens aos jornalistas Philip Meyer e Schirlei Alves.
Maior prêmio de jornalismo de dados do Brasil, a iniciativa é realizada anualmente pela Escola de Dados da Open Knowledge Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Transparência Brasil.
A cerimônia de entrega, na qual todos os projetos finalistas são apresentados, foi realizada no dia 19 de novembro, durante o segundo dia da 8ª edição da Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais, e distribuiu troféus e R$10 mil aos trabalhos vencedores.
Primeira categoria da tarde, Dados Abertos contou com a matéria “Revelando e organizando as notas fiscais do cartão corporativo de todos os ex-presidentes brasileiros” como vencedora. Produzida pela agência de notícias Fiquem Sabendo e do projeto DataFixers.org, o trabalho tem Luiz Fernando Toledo, Alexandre Facciolla, Bruno Morassutti, Beatriz Cintra e Taís Seibt como seus autores e subsidiou mais de mil reportagens sobre o tema, em veículos de todo o mundo.
A reportagem “BBB 23: Inteligência artificial revela quem mais apareceu nos VTs do programa“, de Lucas Thaynan, Cindy Damasceno e Bruno Ponceano, veiculada pelo jornal O Estado de S.Paulo, foi a grande vencedora da categoria Inovação. Utilizando técnicas de inteligência artificial e deep learning, o júri considerou que o trabalho entrega uma visão inovadora sobre o que pode ser passível de análise e quantificação.
A categoria investigação premiou a investigação transnacional “Amazon Underworld“, da InfoAmazonia. A empreitada, que conta com uma metodologia compartilhada, permitindo a sua replicabilidade, envolveu o esforço de jornalistas do Brasil, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Peru e Equador: Bram Ebus, Juan Torres, Jeanneth Valdiviesor, Jorge Benezra, Laura Kurtzberg, Leandro Barbosa, María de los Ángeles Ramirez, Pamela Huerta, Silvana Vincenti e Tatiana Escárraga. O especial “Nome aos bois“, de Marina Rossi e Ana Magalhães, da Repórter Brasil, recebeu uma menção honrosa do júri.
E a visualização premiada nesta edição foi “Branco e masculino, STF pode mudar em 2023“, da Gênero e Número. A reportagem visual produzida por Aline Gatto Boueri, Marcella Semente e Victoria Sacagami, “joga luz em um tema que a gente já conhece como um problema sistêmico, mas que ganha uma nova proporção quando apresentado de forma didática”, segundo o júri. Outro destaque entre as visualizações, “Rota +Segura: ferramenta permite traçar os trajetos com menos roubos de veículos em SP“, de Lucas Thaynan, Cindy Damasceno, Bruno Ponceano, d’O Estado de S.Paulo, também recebeu uma menção honrosa.
Homenagens
A cerimônia da premiação também contou com uma homenagem ao jornalista Philip Meyer, falecido no último dia 4 de novembro. No Coda.Br 2022, seu trabalho foi celebrado por meio de uma mostra e um painel, organizados pelo jornalista Marcelo Soares em ocasião dos 50 anos do jornalismo de precisão – conceito criado por Meyer, predecessor do jornalismo de dados. O painel de homenagem teve a participação de Melissa Meyer, filha de Philip, e de diversos colegas de Meyer e profissionais que são referência na área do jornalismo de dados.
Outra homenageada da tarde foi Schirlei Alves, jornalista investigastiva, de dados e feminista, condenada à prisão em regime aberto e a pagar uma multa de R$ 400 mil reais por reportagem que denunciou a conduta de um promotor e de um juiz durante o julgamento da acusação de estupro da influenciadora digital Mari Ferrer. Presente na cerimônia, Schirlei recebeu uma longa salva de palmas da plateia.
“A condenação de Schirlei fere todos os jornalistas, sobretudo as mulheres jornalistas, que trabalham com responsabilidade e ética – como Schirlei – cumprindo a sua missão de informar. Não há democracia sem a defesa da liberdade de imprensa”, enfatizou Jamile Santana, coordenadora da Escola de Dados e mestre de cerimônia desta edição do prêmio.