5 e 6/11 – ESPM SÃO PAULO
GÊNERO, RAÇA E DADOS PÚBLICOS: COMO DECOLONIZAR SUAS APURAÇÕES
Atenção: a atividade acima será presencial, transmitida ao vivo no canal da Escola de Dados no YouTube.
DIA:
06/11
HORÁRIO:
09:00h
DURAÇÃO:
1:30h
Nível:
Básico
Sobre o painel
No segundo dia do Coda.Br 2022, começamos com o painel “Gênero, raça e dados públicos: como decolonizar suas apurações”, com a participação de Jéssica Moreira, do coletivo Nós, Mulheres da Periferia, e Maria Martha Bruno, da Gênero e Número, além da mediação de Danila de Jesus, acadêmica da Universidade Federal da Bahia.
Jéssica Moreira, do Nós, Mulheres da Periferia, iniciou sua fala comentando o contexto de lançamento do veículo de comunicação, que surge como um espaço para que mulheres periféricas falem por si e decidam como serão as narrativas a seu respeito.
O veículo trabalha com dados, mas também faz um resgate histórico em suas narrativas. “Quais histórias essas bases de dados estão contando? Que histórias podemos contar que não caiam nos estereótipos da mulher negra periférica?”, são perguntas que Jéssica faz ao lidar com dados.
Durante a pandemia, o Nós, Mulheres da Periferia fez um cruzamento de dados, o Curva das Periferias, e mostrou que a população negra e periférica foi a que mais morreu vítima da Covid-19.
“A gente tem visto um processo de colonização do nosso cotidiano a partir dos dados”. Jéssica acredita que o papel do jornalismo para descolonizar tem a ver com contar outras histórias e driblar os algoritmos a partir disso. “A gente está contando a história de mulheres negras periféricas que nunca foram ouvidas. Estamos tentando descolonizar a narrativa ao ir contra a corrente e contar histórias que nunca foram contadas”, afirma.
A moderadora do painel, Danila de Jesus, afirma que a própria existência de um veículo que conta a história de mulheres negras periféricas já desafia as narrativas estabelecidas e é um ato de descolonizar perspectivas.
Maria Martha Bruno, da Gênero e Número, fala brevemente de trabalhos desenvolvidos pela iniciativa, que também cruza dados de gênero e raça para o centro de suas narrativas. A Gênero e Número também fez pesquisas trazendo dados inéditos, como sobre a inserção de mulheres negras na academia, sobre o acúmulo de funções das mulheres durante a pandemia, dentre outras.
A pesquisa que deu origem à reportagem “Racismo à brasileira”, por exemplo, traz dados sobre a discriminação racial com o recorte de gênero, tratando especificamente das mulheres. Nela, diversas mulheres negras puderam contar o impacto do racismo em suas vidas.
Maria Martha afirma que não é possível olhar só para os dados ou a ausência deles e é necessário olhar também para as políticas públicas para a promoção da igualdade racial e de gênero, que vinham sendo descontinuadas durante o atual governo.
E se ela aponta para uma ausência frequente de dados sobre mulheres e sobre raça, em relação a dados de população LGBTQIA+, a situação se agrava ainda mais. Em relação a dados sobre violência contra pessoas trans, ela cita a importância de instituições como a ANTRA na produção de dados que não são coletados por secretarias de segurança pública, por exemplo.
Danila aponta que para cada passo avante que se dá em relação a obtenção de direitos, parece que há uma contrarrevolução ao avanço de mulheres e pessoas negras. Ela destaca que o bolsonarismo e a ascensão da extrema-direita ajudaram a sepultar o mito da democracia racial no Brasil e conta que em 2010 veículos como O Globo e a Folha eram majoritariamente anti-cotas raciais, se recusando a publicar inclusive anúncios pagos pró-cotas.
“Diversidade não é uma bolha na rede da identidade, ela é fundamental para a democracia”, afirmou. E Jéssica Moreira resgatou a memória do Movimento Negro Unificado e de intelectuais como Sueli Carneiro, destacando sua importância na luta pelo avanço da igualdade racial no país.
Referências da atividade
MARIA MARTHA BRUNO
Jornalista multimídia, diretora de conteúdo da Gênero e Número. Durante três anos, foi produtora da NBC News, onde trabalhou majoritariamente para o principal noticiário da emissora, o “NBC Nightly News”. Colaborou com a Al Jazeera por seis anos, como produtora de TV. Foi repórter da Rádio CBN e correspondente do UOL em Buenos Aires. Formada pela UFRJ, atualmente cursa o programa de doutorado em Comunicação na Texas A&M University.
JÉSSICA MOREIRA
Nós, Mulheres da Periferia.
DANILA DE JESUS
Baiana, Jornalista, Mestre em Estudos Étnicos e Africanos, Doutoranda em Cultura e Sociedade, pesquisadora Associada do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher, ambos pela Universidade Federal da Bahia. Docente, também atuou como coordenadora de cursos de jornalismo e publicidade, em Instituições do Ensino Superior. É co-autora do livro “Racistas são os Outros- contribuição ao debate lusotropicalista em África, Brasil e Portugal” e do “Guia Diversidade nas Redações-um guia para gestores(as), editores (as), jornalistas”, pela Énois Conteúdo..
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