31/10 A 3/11 – ONLINE
5 e 6/11 – ESPM SÃO PAULO

GERAÇÃO CIDADÃ DE DADOS: POR ONDE COMEÇAR

DIA:
05/11

HORÁRIO:
14:00h

DURAÇÃO:
1:30h

Sala:
C511

Nível:
Básico

Sobre o workshop

Bases de dados governamentais apresentam um conjunto de informações que não estabelecem relação direta com o cotidiano da população e não contemplam toda a complexidade da realidade, principalmente de territórios periféricos. Nesse sentido, a metodologia de geração cidadã de dados surge com o objetivo de produzir dados que reflitam o cotidiano e sejam úteis à solução de problemas sociais. Essa metodologia foi adotada pelo data_labe, laboratório de dados, mídia e pesquisa sediado na favela da Maré, no Rio de Janeiro (RJ).

Seguindo os passos de um estudo dirigido, Paulo Mota, coordenador de dados no data_labe, conduziu os participantes da oficina em etapas de discussões sobre problemas cotidianos para explicar a geração cidadã de dados. Em síntese, o método foi posto em prática ao longo de sete fases:

1) Em grupo, discutir um problema que afeta diretamente a vida das pessoas;

2) Identificar dois sintomas do problema escolhido. É necessário dialogar com as pessoas afetadas para escolher um problema cotidiano e identificar os sintomas possíveis de se trabalhar;

3) Explicar para os demais grupos da atividade quais os problemas e os sintomas identificados, para estabelecer o recorte temático sobre o conteúdo que será abordado;

4) Identificar dados oficiais do governo sobre os problemas listados e comparar com a realidade. O contraste serve para contestar narrativas governamentais, identificar problemas locais e possíveis soluções. O levantamento também é útil para realizar estudos preliminares, traçar um panorama da situação e encontrar financiamento para o projeto;

5) Identificar quem vai ajudar a disseminar e mobilizar o método da coleta de dados. Isso está relacionado com o público que se quer alcançar, o perfil de pessoas interessadas em ler, reproduzir e fazer a pesquisa necessária. É necessário escolher representantes com atenção a três variáveis: gênero, raça e territórios-alvos;

6) Planejar quais informações serão pesquisadas de maneira estruturada. Neste passo, é importante refletir sobre qual o tipo de dado que deve ser utilizado. Existem alguns formatos que variam de acordo com a finalidade: dados numéricos (utilizados em quantificações), categóricos (que relacionam qualidades como raça e gênero), dados textuais (presentes em relatos) e dados de imagem (empregados em geolocalização). É relevante considerar essas estruturas para pensar o que será coletado;

7) Planejar o modo como o dado será coletado. Esta etapa é extremamente dependente da disponibilidade do público relacionado ao problema pesquisado e o público escolhido para difusão do trabalho. A metodologia da geração cidadã de dados depende da participação ativa das pessoas. Portanto, é crucial refletir sobre a maneira mais adequada para coletar os dados.

Durante o workshop, Paulo apresentou ainda um exemplo de projeto que deu certo para enfrentar problemas relacionados à falta de dados sobre o cotidiano: o Cocôzap. A iniciativa surgiu em 2019, a partir do desejo de contar narrativas locais a respeito do problema de saneamento básico na Maré. O projeto opera a partir do recebimento de denúncias sobre problemas de coleta de lixo, abastecimento de água e tratamento de esgoto via WhatsApp.

Referências da atividade

paulomota

PAULO MOTA

Nascido e criado em Manaus, atualmente mora no Rio de Janeiro onde atua como coordenador de dados no data_labe. Possui mestrado e atualmente está no doutorado em Epidemiologia e ciência de dados populacionais na UFRJ. Polinho acredita e trabalha para a democratização das tecnologias, feitas por todas as pessoas de forma livre e soberana.

REALIZAÇÃO

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