Siga o dinheiro: quem financia o desmatamento?
SOBRE O MINICURSO
Texto por Yasmin Fonseca
Revisado pela Escola de Dados
No workshop “Siga o dinheiro: quem financia o desmatamento?”, ministrado por Thays Lavor (coordenadora de dados da InfoAmazonia), a jornalista demonstrou, de maneira prática, como é possível descobrir quem são os donos das empresas responsabilizadas por crimes ambientais.
Com bases de dados e ferramentas, ela mostrou como é o processo de criação de reportagens investigativas que aumentam a conscientização pública, pressionam por políticas mais rigorosas e promovem a transparência nas operações comerciais na Amazônia, por exemplo.
A partir de informações como números de CNPJ e CPF, é possível apresentar links e relações com dados societários, por meio de bancos de dados como DivulgaCand (que localiza o CPF de representantes políticos) e CruzaGrafos (que cruza diversas bases de dados com números de CPF e CNPJ e verifica quais as vinculações existentes entre esses números).
Além dessas ferramentas, também foi é possível saber mais sobre cadastros fundiários, compostos por conjuntos de dados centrais para identificar os proprietários de fazendas no Brasil, a partir de sites como Sintegra (Sistema de Acesso aos Cadastros Estaduais), SIGEF (Sistema de Gestão Fundiária do Incra) e CAR (Cadastro Ambiental Rural).
Thays definiu que o objetivo de acessar esses bancos de dados é investigar, de maneira mais segura para quem se propõe fazer esta pesquisa, se as empresas e seus donos estão de acordo com as políticas ambientais que expõem em seus sites e peças publicitárias, e comparar estas informações com o que é encontrado nas bases de dados supracitadas.
A palestrante também ensinou a aliar estes dados a fim de descobrir quais possuem multas e quais estão diretamente associados a empresas com embargos ambientais possibilitando, também, elucidar quais destas pessoas jurídicas estão recebendo financiamentos, inclusive com verbas públicas, em atividades que podem estar sendo predatórias e diretamente impactantes a áreas florestais e suas comunidades humanas, por meio de bases como BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e Forest & Finances.
A dica de Thays Lavor é, a partir de todas as informações coletadas, construir teias de dados aliadas a um diário de campo ou outro meio onde seja possível documentar os insights achados nos conjuntos de dados analisados.
Ao expor as conexões entre empresas e desmatamento, a investigação e o jornalismo de dados ambientais desempenham um papel fundamental na proteção de áreas verdes e na promoção da sustentabilidade.
Os bancos de dados mencionados fornecem informações essenciais para jornalistas e pesquisadores, permitindo a identificação e responsabilização das empresas envolvidas em atividades prejudiciais ao meio ambiente.
A maior parte das ferramentas citadas é de uso gratuito, porém limitado, e também possui versão paga.
REFERÊNCIAS
Thays Lavor
Jornalista, mestra em comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e especialista em ciência de dados pela Esalq/USP. Atualmente está como coordenadora de dados na InfoAmazonia, integra a diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a rede de embaixadores para Inovação Cívica da Open Knowledge Brasil (OKBR). Atua com jornalismo investigativo e de dados, com trabalhos em diversos veículos nacionais e internacionais, incluindo agências de fact-checking. Pesquisa transparência, uso e apropriação de dados no jornalismo.
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