Caixa de ferramentas do jornalista de dados ambientais

SOBRE O MINICURSO

Texto por Jefferson Sousa
Revisado pela Escola de Dados

A jornalista ambiental Carolina Dantas mostrou como utilizar ferramentas digitais para explorar o desmatamento na Amazônia e noticiar as várias formas de degradação do meio ambiente. Com o workshop “Caixa de Ferramentas do Jornalista de Dados Ambientais”, desenvolvido a partir de um compilado de sites organizado de maneira colaborativa no curso Jornalismo de Dados Ambientais: no rastro do desmatamento da Amazônia, foi possível navegar por sites como Terrabrasilis, BDQueimadas e MapBiomas para compreender o uso dos dados abertos na produção das pautas jornalísticas em âmbito local e regional. A jornalista também detalhou como realizar a pesquisa nesses sites e fazer uma simples mineração, a fim de desvendar ou ampliar questões.

Carolina falou sobre as principais pegadinhas ao tratar dos dados. Por exemplo, a diferença entre PRODES e DETER. O PRODES detecta corte raso e calcula a taxa de desmatamento anual; já DETER detecta desmatamento, degradação e exploração de madeira. Detecção e emissão de alertas diários e notificações diárias do IBAMA são outras funções deste último sistema. Ambos possuem dados disponíveis no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, mas embora tratem sobre desmatamento, possuem diferenças.

A partir disso, ela mostrou as diversas vezes que veículos jornalísticos utilizaram esses dados de forma incorreta, apontando para as consequências na percepção da opinião pública sobre reportagens que envolvem a questão do desmatamento.

 

 

“Os dados vão te responder uma pergunta”, Carolina informa. E alerta que é importante a visualização correta dos dados, a curiosidade sobre o tema sugerido e o feeling jornalístico. Esses fatores reunidos podem levantar questões relevantes para o debate social.

Ela compartilhou sua experiência em veículos jornalísticos de referência e descreveu como foi fazer grandes reportagens com a ajuda de dados abertos, enfatizando como uma boa coleta pode oferecer temas de interesse nacional ou até internacional, como o caso do desmatamento da Amazônia.

Outro grande objetivo do workshop, além de promover o debate sobre o uso de dados ambientais, foi tirar as dúvidas de quem tinha curiosidade sobre o tema. Muitas perguntas foram levantadas, com especial ênfase em como visualizar corretamente os dados originais, pois eles não vêm ‘minerados’ nos sites onde estão inseridos.

Carol destacou que existem sites que já fazem esse tipo de trabalho, como o BDQueimadas, plataforma que detecta focos de fogo desde 1998, mas que com calma e paciência é possível criar suas próprias visualizações, que é parte do fluxo do trabalho do jornalista de dados. Ela também recomendou às pessoas interessadas procurar saber mais sobre linguagens de programação que podem auxiliar essa etapa do processo.

 

Em continuidade, Carol apresentou a plataforma MapBiomas, com informações que vão desde queimadas até o desmatamento e uso da terra, e que podem ser bastante relevantes em pautas jornalísticas.

Ao final, os participantes falaram de experiências que conheciam, como o Fogo Cruzado, que utiliza um banco de dados sobre a violência armada para monitorar tiroteios nos centros urbanos, bem como seus impactos. Os dados são abertos e, a exemplo das ferramentas já citadas, podem ser conferidos por qualquer pessoa.

REFERÊNCIAS

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Carolina Dantas

Editora do PlenaMata e da InfoAmazonia, trabalha como jornalista há 13 anos e, desde 2016, é especialista nas áreas de ciência, saúde e meio ambiente. Antes, trabalhou como repórter e editora no Grupo RBS, na Folha de S.Paulo, no g1 e na TV Globo. É alumni do Departamento de Estado dos Estados Unidos, título concedido após convite do governo para programa internacional sobre mudanças climáticas.

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