Texto por Jefferson Sousa
Revisado pela Escola de Dados
Mostrar como utilizar dados abertos na comunicação comunitária foi a ideia do jornalista Jefferson Sousa, com o workshop “O uso de dados na comunicação comunitária da Amazônia”. Jefferson, que também é doutorando do programa de pós-graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia da UFPA, pensou nesse momento voltado para comunicadores e comunicadoras populares, com o objetivo de detalhar como utilizar em suas pautas do dia a dia sites como o Querido Diário, TerraBrasilis, BDQueimadas, MapBiomas e até o ChatGPT.
Durante as duas horas de workshop os olhares atentos se fizeram presentes em toda a apresentação. Além de destacar como os dados podem balizar a narrativa hegemônica, o jornalista também conversou com os participantes sobre como usar as técnicas do jornalismo de dados para contra-argumentar quando se trata da cobertura midiática em favelas e lugares subalternizados. Todos os presentes tinham algum pertencimento à comunicação comunitária, desde rádios até páginas em redes sociais digitais. Essa aproximação fez com que vários exemplos de falsas narrativas surgissem.

A manhã foi também de muita inspiração com a revelação de histórias de integrantes da oficina, desde um quilombola dedicado a proteger seu território contra a monocultura, a um adolescente que vive em situação de abandono de políticas públicas, em um bairro afastado do centro e sem acesso a direitos básicos, como saúde, segurança e mobilidade. Os participantes levantaram a problemática de como a mídia de referência fala das favelas, dos quilombos e das terras indígenas. Em tom de alerta, Jefferson destacou: “o jornalismo é uma força que pode transformar um local, uma região. É preciso se empoderar e utilizar das ferramentas do sistema contra o sistema”.

A partir desse momento, Jefferson foi mostrando exemplos de como a mídia alternativa já se utiliza de dados para contrapor narrativas vindas não só da mídia hegemônica como também de toda a sociedade. Com esses exemplos, a discussão ficou acalorada sobre a possibilidade de produção de pautas voltadas às comunidades, foi então que o jornalista mostrou outros portais de fácil acesso, como o Portal da Transparência, que contém informações importantes que podem balizar narrativas locais e hiperlocais.
O momento se encerrou com participantes instigados a iniciar uma mídia comunitária e utilizar de dados abertos e gratuitos para criar narrativas que vão de encontro com a saúde, educação e cultura de um povo, em especial as pessoas subalternizadas.