Wikimedia contra a desinformação: como usar a enciclopédia livre e o seu banco de dados para incluir conhecimentos sub-representados na Internet

SOBRE O WORKSHOP

Texto por Tatianny Soares
Revisado pela Escola de Dados

 

Imagine um mundo onde cada pessoa na Terra tenha acesso livre à soma de todo o conhecimento humano. Essa frase marcou o início do workshop intitulado “Wikimedia contra a desinformação”, liderado por Érica Azzellini, da Wiki Movimento Brasil. O cerne de toda a Wikimedia é ampliar o acesso à informação livre, e um dos seus principais componentes, a Wikipédia, prestes a completar 22 anos, continua sendo uma grande enciclopédia livre, desprovida de anúncios publicitários.

Mas o que exatamente é o movimento Wikimedia? Trata-se de uma comunidade global que contribui ativamente com projetos Wikimedia. Essa comunidade é composta por leitores e editores desses projetos, além de instituições como bibliotecas, museus, universidades e centros de pesquisa, bem como entidades ligadas ao conhecimento livre e movimentos sociais.

 

 

Uma das características mais marcantes da Wikimedia é sua natureza altamente colaborativa. Qualquer pessoa, inclusive menores de idade, pode contribuir e editar conteúdos de acordo com seus interesses. No entanto, todos os dados passam por um rigoroso processo de verificação e devem ser, sem exceção, respaldados por fontes confiáveis.

Durante o workshop, Érica nos introduziu também à Wikimedia Commons, um repositório que abriga uma rica variedade de mídias, incluindo áudios, vídeos, imagens e PDFs. Exploramos igualmente os Wiki projetos, com destaque para o Wiki GLAM, cujo objetivo é digitalizar obras de galerias, bibliotecas e museus, democratizando o acesso a acervos e promovendo a disseminação da cultura. No contexto do Wiki Glam, é conduzida uma curadoria colaborativa com museus, funcionando como um sistema de retroalimentação.

Além disso, ainda na categoria Wiki projetos, existem programas educacionais em parceria com universidades. Isso proporciona uma oportunidade valiosa para estudantes atualizarem as plataformas wiki, ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades de pesquisa, redação e verificação científica.

No entanto, a Wikimedia enfrenta desafios significativos, incluindo a predominância de um grupo social específico (normalmente homens brancos, com um certo padrão financeiro) dentro da comunidade e limitações sobre o que é considerado conhecimento válido para inclusão nas plataformas (conhecimentos de comunidades tradicionais não são aceitos, por exemplo).

 

 

Apesar desses desafios, até 2030, a Wikimedia estabeleceu metas ambiciosas de equidade de conhecimento e considera o conhecimento como um serviço. Nesse contexto, surge o projeto “Wiki Loves“, no qual a equipe Wikimedia visita um estado do Brasil a cada ano, priorizando áreas fora do eixo sul-sudeste, para cobrir lacunas de informação, conhecidas como “desertos de informação”. Esses desertos são áreas populares que carecem de presença e registro nas plataformas Wikimedia.

Este ano, o estado do Pará foi escolhido, e isso se deve ao fato de que ele está sub-representado nos projetos Wikimedia. Para ilustrar, 66% dos 144 municípios do Pará têm menos de 10 fotos no Wikimedia Commons, 23 das 39 áreas federais de preservação ambiental não possuem artigos na Wikipédia e nenhuma das 247 bibliotecas e museus do Pará têm arquivos digitais nas plataformas Wikimedia.

Este workshop demonstrou com muita eficácia, através das plataformas que compõem a Wikimedia como um todo, que, quando o conhecimento se multiplica, a desinformação é reduzida. Este é um lembrete poderoso de como o acesso à informação livre e colaborativa pode moldar um futuro mais esclarecido e democrático para todos.

REFERÊNCIAS

Érica Azzellini

Érica Azzellini

Constrói conexões, desenvolve estratégias e trabalha transversalmente em projetos de Diversidade, Educação e Inovação para fortalecer o ecossistema de conhecimento aberto. Como voluntária, também está envolvida na redação de políticas e no design de governança para o movimento Wikimedia.
Trabalhou para organizações sem fins lucrativos e tem experiência em pesquisa em Humanidades Digitais, Gênero e Tecnologia e Jornalismo Computacional.

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