18 e 19/11 – ESPM SÃO PAULO (CAMPUS ÁLVARO ALVIM)
R. DR. ÁLVARO ALVIM, 123 – VILA MARIANA
NARRATIVAS PERIFÉRICAS E O PODER DOS DADOS PARA REPORTAGENS LOCAIS
Texto por Caê Vatiero
Territorializar os dados tem sido uma estratégia adotada por diversos veículos e organizações da sociedade civil que atuam nas periferias, como é o caso da Agência Mural de Jornalismo das Periferias e da Fundação Tide Setubal. O acesso à informação tem possibilitado que moradores, jornalistas e lideranças de diferentes quebradas e favelas pautem uma agenda local e ainda possam cobrar do poder público com base nos dados.
Dando início ao bate-papo deste workshop, o jornalista Paulo Talarico contou como a Agência Mural, que completa 13 anos em 2023, segue produzindo reportagens de impacto guiadas por dados a partir da perspectiva de diferentes periferias de São Paulo. Em sua fala inicial, o palestrante reiterou a importância do jornalismo de dados para as quebradas e compartilhou que, em sua experiência, para pautar dados nas periferias é preciso: contar, ouvir, medir, usar a lei e buscar bases de dados pouco utilizadas.
Paulo comentou que andar pelos bairros e observar a vivência local também é uma forma de produzir jornalismo de dados. Nesse sentido, ele apresentou uma série de produções da Mural, como o projeto “Santinhometro”, que realiza uma contagem inédita desde 2016 de materiais distribuídos nas periferias durante as campanhas eleitorais; um outro levantamento, produzido em 2011, que mapeou os comércios de Paraisópolis, segunda maior favela de SP; além de outra reportagem especial que contabilizou a quantidade de degraus que uma pessoa precisa subir para pegar o trem em estações da CPTM.
Partindo da mesma perspectiva, o sociólogo Uvanderson Silva contou sobre a atuação da Fundação Tide Setubal na elaboração do Plano de Bairro do Jardim Lappena, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. O palestrante apresentou suas contribuições destacando que a periferia é mais do que uma palavra, a periferia é um território. A sua apresentação também pautou a importância da produção de dados locais, assim como a identificação de demandas específicas territoriais, a partir de um processo de escuta ampliada, mostrando que o território tem voz. Além disso, o sociólogo destacou que o jornalismo produzido nas periferias é fundamental para o enfrentamento das desigualdades.
Referências
Narrativas periféricas e o poder dos dados para reportagens locais
Não há pré-requisitos.
PAULO TALARICO
Cofundador e diretor de treinamento e dados da Agência Mural de Jornalismo das Periferias. Atuou também como correspondente de Osasco e editor-chefe. Formado em jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu e bacharelado em História pela Universidade de São Paulo, tem pós-graduação em jornalismo esportivo pelo Instituto de Pós-Graduação & Graduação (IPOG) e curso técnico de locução para rádio e TV pela Rádio Oficina. Atualmente, cursa o Master em Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling no Insper. Além da Mural, atuou como repórter de política e de esportes em veículos da imprensa da região oeste da Grande São Paulo entre 2012 e 2018 e é membro associado do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo).
UVANDERSON SILVA
Coordenador de programas na Fundação Tide Setúbal. Sociólogo, com vasta experiência em coordenação de programas e execução de projetos na área de direitos humanos e promoção de equidade.
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