Cerca de 70 jornalistas, programadores, pesquisadores e interessados no trabalho com dados abertos se reuniram na sede do Google para mais uma edição do Cerveja com Dados São Paulo no último dia 29. O evento foi apoiado pela Google News Initiative e contou com diversas lightning talks de sete minutos e trocas de experiências entre os participantes de diversas partes do país, que estavam presentes na cidade por conta do 13º Congresso de Jornalismo Investigativo.
Keila Guimarães, editora de dados da Google News Initiative, pôde apresentar brevemente algumas funcionalidades do Google Trends, mostrando como diversas pautas poderiam ser elaboradas com base nas buscas de tendências em tempo real. Ela utilizou os resultados de buscas sobre a Copa do Mundo para exemplificar o potencial da ferramenta, que também tem um módulo todo seu no curso “Como cobrir eleições sem errar: dados e pesquisas para entender o eleitor“, do Knight Center.
Mas foi no Twitter que Cecília do Lago e Rodrigo Menegat acharam a pauta “O que 15 mil tweets revelam sobre o seu candidato“, que reúne as palavras mais ditas por cada pré-candidato à presidência da república na plataforma. Os jornalistas do Estadão Dados puderam navegar pela visualização – mostrando que a palavra mais dita por Jair Bolsonaro, por exemplo, é “canalhas”, e que a única reforma à qual Marina Silva se referiu em seus tweets foi a protestante – e contar um pouco mais sobre a metodologia envolvida no desenvolvimento do trabalho.
Álvaro Justen, o Turicas, nosso gerente e desenvolvedor, explicou um pouquinho sobre a parceria da Escola de Dados com o jornal Correio, de Salvador, evidenciando como raspou dados de dezenas de pdfs para revelar o estado da balneabilidade das praias da Bahia. O nosso pythonista mais querido também explicou que esses e outros conjuntos de dados já estão disponíveis na plataforma Brasil.IO, que vai possibilitar que diversos dados públicos sejam baixados em formatos acessíveis.
E se para algumas pessoas é fácil achar dados, Judite Cypreste aproveitou a oportunidade para mostrar que nem tudo são rosas nesse mundo de supostos dados abertos. Com muito bom-humor, a jornalista do Aos Fatos relatou sua saga em busca de informações sobre status, gastos e informações das obras da Copa de 2014 para a realização de suas reportagens sobre o legado do evento em Brasília, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, e o subsequente desaparecimento do Portal da Transparência da Copa de 2014 após a publicação de suas reportagens.
Indo na contramão de quem abordou um pouco mais a raspagem de dados, Stefano Wroblenski explicou como foi desenvolvido o sistema de coleta de dados de uma organização não-governamental, a InfoAmazônia, para a criação de um alerta de enchentes. Na plataforma disponibilizada pela organização é possível ativar a recepção mensagens de alertas ou consultar o estados dos rios a qualquer momento usando o Telegram ou o Facebook.
E trazendo um pouquinho da visão da academia para o Cerveja com Dados, Thays Lavor mostrou uma prévia de sua pesquisa de mestrado sobre o estado da arte do estudo de jornalismo de dados no Brasil, o perfil dos jornalistas interessados no assunto, onde se concentra o interesse e que assuntos as pesquisas acadêmicas sobre jornalismo de dados abordam.
Também com background mais acadêmico, Marina Merlo encerrou a rodada de apresentações da noite abordando sua experiência com R na academia e explicando como o conhecimento da linguagem auxiliou a análise dos dados que foram utilizados para a elaboração da reportagem “Partidos gastam só 3,5% de fundo público com mulheres” da Folha de São Paulo.
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