*texto originalmente publicado por Taís Seibt, organizadora desta edição, no Medium
Porto Alegre repetiu a dose do Cerveja com Dados na última terça-feira, 27 de agosto, com o mesmo sucesso e entusiasmo da estreia. Mais uma vez, o número de participantes girou em torno de 80 profissionais das mais variadas áreas, tendo em comum o interesse por dados abertos – e por cerveja, é claro.
Atendendo a sugestões da comunidade de dados porto-alegrense, a programação da segunda edição descolou da pauta de jornalismo de dados. Com duas jornalistas na organização – Taís Seibt, da Afonte Jornalismo de Dados, e Alexandra Zanela, da Padrinho Agência de Conteúdo – jornalismo de dados havia sido o tema dominante da primeira edição, realizada em fevereiro.
Aparentemente, deu resultado: ficou nítida a mudança de perfil de público, com maior diversidade de especialidades na plateia, o que ajudou a qualificar a discussão. Analistas de dados e TI, especialistas em inteligência de mercado e engenheiros de computação marcaram presença, assim como profissionais de marketing e relações públicas, além de jornalistas.
O salão foi organizado numa configuração meio bar meio auditório, com mesas agrupadas, o que favoreceu a assistência das apresentações e também o networking entre os participantes. De olho na tela, a primeira fala da noite veio diretamente de Campinas, com o diretor do Instituto de Computação da Unicamp, Anderson Rocha, falando sobre bolhas digitais, fake news e deepfakes.
Anderson Rocha, da Unicamp, abre o #cervejacomdadospoa falando sobre #deepfakes. "Hoje temos dados como nunca, e as pessoas colocam seus dados de graça na rede". Quais as consequências? #cervejacomdados pic.twitter.com/3zGeILN0iz
— Afonte Jornalismo de Dados (@afontejor) August 27, 2019
Com dados disponíveis como nunca, fornecidos gratuitamente pelos próprios usuários na rede, há inteligência artificial para criar pessoas que nunca existiram, editar imagens com perfeição e fazer com que pessoas digam ou façam o que não disseram ou fizeram. Anderson Rocha apresentou essas possibilidades e levantou questões sobre os possíveis impactos disso em pelo menos três dimensões: democracia, liberdades individuais e tolerância social. Aqui você pode conferir a apresentação de Anderson Rocha.
Na sequência, foi a vez de Dirceu Corrêa Jr., CEO da Postmetria, falar sobre o verdadeiro valor do cliente na era do big data. Você pode conferir a apresentação de Dirceu Corrêa Jr. aqui.
Dirceu Corrêa Jr. da @Postmetria vira a pauta para o mkt digital com uma discussão sobre o valor do cliente na era do #bigdata. #cervejacomdadospoa #cervejacomdados pic.twitter.com/gZc3444IhZ
— Afonte Jornalismo de Dados (@afontejor) August 27, 2019
A Postmetria desenvolveu uma plataforma para monitorar a satisfação de clientes, a partir da métrica Social NPS (Net Promoter Score). Atendendo grandes marcas, a startup usa big data e inteligência artificial para interpretar o grau de satisfação do consumidor. A Social NPS coleta posts de redes sociais, metrifica esses comentários por meio de algoritmos, interpreta os dados e produz relatórios com foco estratégico para as empresas. Dirceu encerrou a apresentação com este divertido vídeo para provocar a plateia:
Fechando a programação, a advogada Gabriela Roth, especialista em direito digital e integrante do Icolab – Instituto Colaborativo de Blockchain, falou sobre as possibilidades de uso jurídico da tecnologia, por exemplo, para assegurar a autenticidade ou a procedência de documentos.
Otimização de tempo, plataformas de gestão e validação de documentos são alguns dos usos possíveis do blockchain no Direito. #cervejacomdadospoa #cervejacomdados pic.twitter.com/i7x7DSFFUP
— Afonte Jornalismo de Dados (@afontejor) August 27, 2019
Na apresentação de Gabriela Roth, que você pode acessar aqui, uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo foi citada como exemplo de uso jurídico da tecnologia blockchain, como alternativa às atas notariais. Mas ainda há um longo caminho para a adoção consistente dessa tecnologia no judiciário, que recém está se adaptando ao processo eletrônico.
Esse foi um dos questionamentos apresentados pela plateia, que também problematizou amplamente os riscos das deepfakes no cenário político contemporâneo, já contaminado pela desinformação online. O público também quis saber mais sobre o algoritmo por trás da Social NPS: pode a inteligência artificial identificar ironia num comentário sobre um produto ou marca?
O debate se estendeu por quase duas horas, mas a conversa seguiu informalmente por mais alguns minutos, enquanto gremistas (e colorados) se aproximavam das TVs para o segundo evento da noite: a partida entre Palmeiras e Grêmio pela Libertadores. Prova de que a comunidade de dados na capital gaúcha está se fortalecendo, pois mesmo concorrendo com futebol, o evento não perdeu fôlego. Estavam lá quase uma centena de entusiastas de dados com sede de conhecimento e troca de experiências. Cerveja com Dados chegou em Porto Alegre para ficar. Que venha a edição #03!